Um longo e quente verão para os trabalhadores norte-americanos Portuguese Portuguese translation of U.S. Workers Face Long, Hot Summer (July 16, 2008) Se trabalha para viver, as notícias são cada vez piores. Os preços de petróleo alcançaram um nível recorde superando os 140 dólares por barril, quatorze vezes mais que há somente 10 anos atrás. A OPEP prevê que poderá subir até os 170 dólares antes do fim do verão. Escolher entre a comida, os remédios e a gasolina agora é algo normal para milhões de famílias trabalhadoras. De outro lado temos os lucros extraordinários da ExxonMobil, que dispararam a 40,6 bilhões de dólares em 2007 e outros 10,9 bilhões de dólares somente nos primeiros meses de 2008. Enquanto milhares de iraquianos e soldados norte-americanos continuam sofrendo e morrendo, as grandes petroleiras se movem para garantir contratos de exploração dos maiores poços petroleiros do Iraque. EUA está sofrendo a pior crise imobiliária desde a Grande Depressão, os preços das moradias caíram 15,3% desde princípios deste ano. A dívida hipotecária e os despejos dispararam porque muitos trabalhadores já não podem cobrir suas necessidades básicas. Durante seis meses seguidos, as empresas norte-americanas eliminaram mais empregos do que criaram; somente em junho, se perderam 62 mil empregos. A taxa oficial de desemprego é de 5,5%, segundo as próprias estimativas do Ministério do Trabalho se for incluído o subemprego, a taxa real seria de 9,7%, em maio de 2007 era de 8,7%. Aqueles que têm emprego estão trabalhando menos horas e seus salários não podem manter o ritmo da inflação. Andrew Tilton, economista da Goldman Sachs, disse recentemente: “O mercado de trabalho está se deteriorando claramente e é provável que continue a se deteriorar. É evidente que a crise imobiliária e a contração do crédito ainda serão sentidos por muito tempo. É evidente que se estão perdendo mais empregos no setor imobiliário, financeiro e na construção, centenas de milhares mais foram perdidos coletivamente”. O boom foi possível graças ao aumento da exploração da classe operária e ao incremento dos níveis de endividamento, o povo gastava muito mais do que ganhava graças aos cartões de crédito e aos empréstimos respaldados pela subida dos preços imobiliários. Em junho, o índice de expectativa de consumo caiu ao seu nível mais baixo desde maio de 1980. Ao mesmo tempo, o índice de finanças pessoais em dia caiu a 69, inferior a 80 do mês de maio. Starbucks anunciou que fechará plantas e eliminará 12 mil empregos. As vendas de automóveis caíram, em junho, 28% para a Ford, 21% para a Toyota e 28% para a General Motors. A GM também afundou ao seu nível mais baixo desde 1995 e os especuladores se desfazem de um investimento antes “seguro” que era a coluna vertebral da economia norte-americana. Em Wall Street, a bolha especulativa continua murchando, os preços das ações caíram 20% desde outubro. É provável que Citigroup e Merrill Lynch tenham que fazer frente a massivos cancelamentos de uma dívida incobrável. American Express e Discover informaram que seus clientes estão caindo, UPS e Federal Express também avisaram de uma queda da atividade. United Airlines reduziu e capacidade demitindo 950 pilotos e pode adiar os pedidos de novos aviões à Boeing e Airbus. Em outras palavras, existe uma violenta espiral descendente de demissões e cortes, encabeçada por uma queda abrupta do consumo e ainda mais demissões. O que antes eram boas fábricas estão reduzindo custos e despedindo a milhares de pessoas. Além disso, está rápido o aumento dos custos de energia e alimentos. Como sempre, os ricos são os que se beneficiam em tempos de boom enquanto os trabalhadores são os que sofrem as recessões. Esta é a situação em que nos encontramos antes das eleições presidenciais de novembro de 2008, faltam somente alguns meses. Não é de se estranhar que os estadunidenses estejam sedentos e entusiasmados com a mudança. “Obama, Obama”, é o grito que percorre a nação na boca de milhões de pessoas, inclusive em antigos seguidores de Bush e que todavia crêem que o sistema bipartidário pode oferecer alguma saída. Mas, Obama e os Democratas realmente podem oferecer uma alternativa aos trabalhadores? Agora que já está garantida a nomeação do Partido Democrata, Obama está mostrando suas verdadeiras cores. Está trabalhando duro para demonstrar aos que verdadeiramente governam, as grandes empresas, que é um homem adequado para o cargo. Apesar desta ou daquela diferença secundária ou de estilo com seu oponente John McCain, ele é um enérgico defensor do sistema capitalista. Está OBama a favor da retirada imediata e incondicional das tropas de Iraque e Afeganistão? Não. Rechaça a guerra contra Irã? Em absoluto. Enquanto se declara a favor da diplomacia, qualifica Irã como uma ameaça e diz que está disposto a usar a força militar se necessário. Defende um sistema de saúde gratuito e universal que acabe com as seguradoras privadas ineficazes e sedentas por lucro? Não. O que quer é “regular” a indústria de saúde privada enquanto dá bilhões de dólares para subvencionar as apólices de seguros. Defende a retirada de lei Taft-Harley e outras leis anti-sindicais? Apóia a anistia imediata e incondicional dos trabalhadores imigrantes e suas famílias? Não. Mas o povo já está farto de Bush e o que quer é ver Obama. O movimento operário, todavia, continua dedicando sua energia e dinheiro ao Partido Democrata. Tanto a AFL-CIO quanto Change to Win apoiaram Obama. As duas coalizões sindicais gastaram 300 milhões de dólares, cinco vezes mais do que gastaram em 2004, além de incontáveis horas de trabalho eleitoral nesta campanha para eleger um presidente que não representa a classe operária. Há 15 milhões de trabalhadores organizados nos dois sindicatos, isso é apenas um de cada quatro dos vão votar em novembro. Imagine se todos esses recursos se mobilizassem para construir um partido operário de massas que apresentasse candidatos que lutassem realmente pelos interesses da classe operária. O movimento operário deve romper com os Democratas! Enquanto isso, há candidatos que estão lutando pelos interesses dos trabalhadores, para acabar com a guerra, por saúde e educação universais, para reconstruir as cidades do interior do país e a arruinada infra-estrutura. O Poder para o Povo de Cynthia McKinney está fazendo uma campanha à presidência e Cindy Shehan se apresenta frente a Nancy Pelosi para ocupar um posto no Parlamento, estes dois exemplos demonstram que há opções fora dos dois partidos. Há muitas ilusões em Obama e os Democratas em geral, mas a maioria da população deve passar através da experiência de uma administração democrata antes de dar-se conta de que necessitamos romper totalmente com os partidos das grandes empresas. A experiência ensina e, nesse sentido, o verão quente de 2008, junto ao aumento do desemprego, da inflação, da guerra interminável, tudo seguirá transformando a consciência da classe operária norte-americana. Source: Esquerda Marxista